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30 de set. de 2015

A Estrada da Noite - Um livro que vai além de uma estória de terror.

Mais cedo  ou mais tarde os mortos nos alcançam...

Mais cedo ou mais tarde os nossos problemas e segredo também irão nos alcançar. Essa é uma história de personagens perturbados, com passados dolorosos, com os quais são incapazes de lidar. Sobre como as coisas que nos acontecem ao longo da vida nos transformam de maneira irreversível. 

Cada um dos personagens tem um passado tão doloroso e está tão mentalmente instalável que é difícil eleger um que não tenha problemas. Os cachorros talvez.

O personagem principal, cinquentão divorciado, filho de uma pai violento e manipulador e uma mãe apática e esgotada emocionalmente, astro do rock, cheio de manias estranhas e extravagantes, é perseguido pelo fantasma do padastro da ex namorada que comprou por "acaso" em um site tipo eBay.A ex namorada, morta, com histórico de depressão profunda.O assistente que encontrou  a mãe  enforcada na dispensa. A namorada atual é uma ex dançarina de boate, com um histórico de abuso de drogas, uma tentativa de suicídio nas costas.

Acho que já é o bastante para entender o nível da coisa.

Esse livro vai muito além de uma estória de fantasma, aliás se o fantasma não existisse provavelmente a história poderia continuar sendo tão boa quanto.

O padastro, o homem morto, o dono do paletó, também é  manipulador e dissimulado. Capaz de fazesr com que as pessoas viverem a realidade que ele deseja que elas vivam. Quando vivo não era diferente, e já lidava com questões sobrenaturais, o que facilitou um bocado sua capacidade de infernizar depois de morto.

Esse é o meu segundo livro do Joe Hill. Confesso que adie bastante a sua leitura, o motivo : estava sobre o efeito de O Pacto, que é um livro perfeito, onde o autor soube mesclar cenas sarcásticas de humor, com uma boa doze de suspense e uma pouco de profundidade também. Isso me afastou de A Estrada da Noite, por que não queria fazer comparações, já que o outro livro começaria com uma grande desvantagem. Acredito que isso tenha sido bom, tenho quase certeza  pois pude enxergar as qualidade do livro e não buscar as qualidade que me prederam a outra obra.
Os dois livros são bem diferentes, diferente nem sempre significa ruim, mas quando ainda estou em uma daquelas ressacas literárias, só consigo enxergar as qualidades do livro anterior.
Agora com certeza vou investir em mais um livro do Joe Hill, já estou de olho em Nosferatu ( por que eu já não tenho um milhão de livros para ler, né ;)

Diferente de O Pacto esse é um livro um pouco mais sério, com pouquíssimas cenas de humor ( consigo me lembrar de duas ao longo da leitura). Aborda questões complicadas, como a culpabilização da vitima, como a degradação do ser humano, a necessidade de se acreditar que aquilo que esta sendo feito não é uma coisa ruim,de impor ao outro o seu sofrimento e  uma culpa que é só sua. 

Muitas vezes finais felizes acabam sendo clichês, uma expansão do " viveram felizes para sempre", nesse livro um final feliz foi bem vindo e muito aguardado. 

Adorei a forma como o autor transforma nossos animais de estimação em proteção. Inicialmente tinha visto a ideia com maus olhos mas no fim das contas acabei gostando, principalmente quando o autor explicita que apenas os laços entre o dono e o animal são capazes de oferecer proteção :
" Acho que fiz você acreditar em algo errado a respeito dos cães. Nem todo cão serve. Eles tem que ser meus. Sabe aquela história de toda feiticeira ter um gato preto ? "
O livro é bem interessante, embora o começo seja  um pouco fraco e não demonstra o potencial que tem para oferecer da metade para frente.


Minha edição é a versão econômica e na época
saiu por 9.90






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