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4 de dez. de 2015

A originalidade de Rubem Fonseca e o livro de contos Feliz Ano Novo.


Ruben Fonsceca é um contista brasileiro,escritor também de romances,sobre o qual até pouco mais de um mês eu nunca havia ouvido falar. 
O autor é considerado um marco da literatura brutalista, onde personagens marginalizados,a violência urbana e a degeneração da sociedade circulam entre as principais temáticas abordadas.

Feliz ano novo é um livro de contos chocantes e perturbadores, marcados  por oralidades escritas de maneira natural, que em nenhum momento transmite a sensação de artificialidade.
Os personagens, são fortes e bem construídos.

O primeiro conto é, para mim, o mais chocante , nele a noite de Ano Novo de um grupo de jovens marginalizado do Rio de Janeiro é retratada, apresentando as consequências da exclusão e da pobreza na formação do caráter. Embora, de certa forma todos os contos do livro sejam chocantes, nenhum se compara  ao primeiro na brutalidade ou na aplicação extrema de oralidades, ainda assim não ficou entre os meus favoritos. Os contos Passeio Noturno, Corações Solitários e  Agruras de um Jovem Escritor foram para mim mais marcantes.

Passeio Noturno Trata de um homem contido, preso em um casamento superficial, responsável por uma grande empresa que encontrou uma forma muito peculiar de extravasar o estresse cotidiano.O contista representa um personagem calculista e que em nenhum momento demonstra arrependimento por seus atos, um verdadeiro psicopata, que mantem sua vida obscura escondida por uma mascara de sucesso e tranquilidade. 

Corações Solitários retrata a entrada de um jornalista esportivo para um jornal escrito para mulheres, e que deveria ser escrito por mulheres, mas no qual apenas homens trabalham, devidamente escondidos sob pseudônimos,o que mais me impressionou nesse conto foi a representação da facilidade com a qual se manipulam as pessoas. 

Agruras de um Jovem Escritor fala de um medíocre e sonhador escritor, casado com uma apaixonada fã, que vê em toda e qualquer situação a sua grande chance de sucesso e que mesmo após descobrir sua total incompetência como escritor, e ter seus planos frustrados, continua a dissimular sobre oportunidades próximas. Acredito que tenha sido o meu favorito entre todos os outros.

Além dos três destacados outros contos também chamaram a minha atenção como O Campeonato, no qual o autor criou, como um discreto plano de fundo, uma sociedade distópica baseada na artificialidade e no distanciamento do homem de sua natureza.

O meu primeiro contato com a escrita de Rubem Fonseca foi muito interessante, o autor é original e escreve divinamente, as oralidades, vulgaridades e a violência retratadas em seus contos são justificáveis, e vão muito além da violência gratuita. O interessante é a forma como o texto do autor é quase impossível de classificar, combina elementos da Ficção, do "Policial" e do Suspense, compondo uma escrita muito própria, com a qual a careira policial do autor contribuí para a criação de muitos dos personagens. 

Por fim adorei conhecer o trabalho do autor, e  já tenho, inclusive, planos para ler pelo menos dois de seus livros, O Caso Morel( que peguei em um barganha) e Agosto.  Agosto é uma ficção construída com base nos acontecimentos que levaram ao suicídio de Vargas em agosto de 1954, e é o livro pelo qual estou mais curiosa.

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